Eu vejo pessoas em casa
pagando promessas
com seus altares e suas televisões .
Eu vejo prédios , apartamentos e bairros
eu vejo carros , pessoas e convicções .
E eu também quis mudar o mundo um dia ,
mas percebi que não posso mudar sozinha .
Eu vejo pessoas em casos
quebrando promessas , acumulando decepções .
Eu vejo casas velhas , dispensas , vejo porões .
E eu quis mudar , quis despensar , acender a luz
pra não ficar no escuro sozinha .
Eu vejo pessoas ... Papéis , fotos e lembretes .
E me vejo sentada na sala como companhia para paredes .
Eu vejo pessoas em casa , com seus altares e suas convicções .
Eu assisto vidas vendidas , vejo sortes vencidas ,
junto metades e sofro desilusões .
Marí M.
Pra odiar alguém temos que ter consciência que , por menor que seja ,
a criatura exista . Não , eu não te odeio .
Afinal , eu só tenho noção da sua existência porque ouço seus passos
junto com ruídos agudos altamente insuportáveis .
Comparada ao que foi , sua imagem não passa de um borrão ,
ou uma placa : - Alguma coisa ocupa espaço e respira aqui .
Na teoria você é apenas um corpo , um indivíduo que conta como população
na hora de pesquisas do tipo : IBGE .
Na minha prática você não passa de uma peça que sobra ,
um aborto da vida de alguém , que foi parar na minha vida
e eu só tô esperando o carro do lixo passar .
E lá vai você , no banco do carona do caminhão mal-cheiroso ,
porque o motorista te achou uma coisinha até bonitinha
e decidiu reciclar ... Perfeito !
Agora você encontra mais coisas da sua subespécie e se mistura .
Pra não perder o costume de sempre que puder : piorar .
E quer saber ? Seus ruídos são rotuladores ;
Mas , à toda essa sua podridão prefiro meus maus amores .
Marí M.
Acho que me iludi demais com as cores .
E comprei rabiscos de criança por preços de obras de arte .
Me coloquei como metal de sacrifício pra evitar a corrosão
de uma coisa que já tinha enferrujado e só eu não sabia .
Segui os rastros , não parei pra ler as placas ,
não ouvi quando disseram que havia um abismo . Eu caí ...
Caí e fiquei presa em entulhos de lembranças mortas . Machucada.
Sangrei promessas há muito tempo desfeitas .
A cada batimento meu coração doía mais e me dizia que essa era a sina ...
A minha sina .Marí M.
E quando o show ia acabar eu virei as costas pro palco, eu me recusei a olhar pra trás , eu não quis enxergar o final . É como se cada vez que as luzes apagassem, apagasse um pouco da esperança de vê-los denovo , de tê-los denovo . E eu queria ressaltar que sim , eu sei sim viver sem O Teatro Mágico , mas saber não significa estar pronta para tal coisa . E podem me chamar de louca , ou do que for , sintaxe à vontade .Pois todo sujeito é livre para conjugar o verbo que quiser .
Marí M.
Se meninos sonham com seus herois , meninas podem sonhar com heroínas. E eu cresci acompanhando os episódios diários de uma que fugia do padrão , ela não era a mais linda de todas ,nem a mais decidida de todas , e estava longe de ter superpoderes . Pra falar a verdade , depois de tantos episódios parecidos , eu resolvi guardar ela na gaveta por um tempo . E acho que em alguns momentos a esqueci no escuro enquanto acompanhava personagens mais atuais . Até que mais coisas precisavam ser guardadas e eu tive que abrir a gaveta . Lá estava ela , menor ,mas, com o brilho de sempre . Com o sorriso de sempre , na alegria de sempre . A mesma de antes , e só agora eu conseguia enxergar seu algo mais . O que a fazia vencer sempre nas batalhas , em suas batalhas : Sua força . Se eu fosse lhe dar um nome agora seria : cápsula protetora . Mas eu cresci e não consigo deixar de chamar ela de Mãe . Ela está menor porque eu cresci , e agora é ela quem me acompanha .
Marí M.
Depois de escrever mais textos do que cálculos e teorias no meu caderno resolvi fazer isso aqui . Créditos pra Ellen , que foi a 1ª a me fazer (realmente) acreditar que um blog meu pode dar certo . É o seguinte :
- A maioria , senão 99% dos meus fragmentos não têm título .
E eu não escrevo todos os dias , até porque tem dia que não há o que descreva . Enfim , eu começo aqui , aliás , já comecei com uma frasezinha que eu fiz hoje pela madrugada . Como eu disse : - são fragmentos .
Não consigo sentir inteiramente uma única coisa , amor ou ódio , ganhar ou perder , ser ou não ser . Não são assim que as coisas funcionam . A única coisa que eu ainda vivo e escolho pelo 'ou' é : - tudo ou nada .
Marí M.
Você, seu , ser .
Seu passar e meu permanecer .
Marí M.
